sábado, 4 de fevereiro de 2012

Para refletir "as coisas nossas"

“Para refletir  “as coisas nossas” os temas podem ser, inclusive, estrangeiros. Entretanto, quando trabalhamos com conteúdos sociais próprios da nossa situação de periferia do capitalismo fica mais evidente uma inadequação de base, um desacordo entre a nossa matéria social e as formas dominantes da representação literária ou teatral. Isto é, as formas que nós herdamos das tradições européias e que constituem as nossas referências estéticas. Formas apresentadas como universais, mas que embutem valores e pontos de vista que nem sempre dialogam bem com as dimensões históricas de nossa matéria social. 

Então, temos um duplo problema. De um lado, descobrir assuntos importantes, ou mais do que isso: aspectos da vida que sirvam a uma compreensão da realidade e da experiência local, em conexão com o tempo mundial. De outro, temos que empreender uma crítica das formas dominantes, quase todas importadas. Crítica necessária não por serem estrangeiras, mas por trazerem sedimentadas em si valores ideológicos que podem assumir sentidos diferentes quando deslocados para o Brasil. Com isso quero dizer que, sempre, em algum nível, as formas consagradas do romance, do drama, da encenação, precisam ser questionadas e reinventadas quanto tratamos da experiência social brasileira”.



Conversa sobre dramaturgia brasileira contemporânea”, de Sérgio Carvalho
http://www.companhiadolatao.com.br/

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