terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O começo de uma proposta

Eu (Maikon) fui vasculhar o meu antigo blog. Acabei de encontrar um texto que desenhou a possibilidade de escrever sobre o Bairro Floresta e as memórias de pessoas que viveram pelo Bairro.

Acredito que vale a pena reprodução:

A história de um roteiro

De frente aos meus olhos estava um roteiro cinematográfico. Não era possível saber se era película ou digital, ainda não havia sido possibilidade de pensar essa etapa da produção. A verba estava em processo de captação. Em mim, ali postado entre atores e atrizes de uma história real. A sensação de que estava num cenário da primeira cena do roteiro era evidente.

O tempo é o presente.

A primeira cena acontecia entre a ampla sala e a cozinha de uma casa que foi construída por uma família de imigrantes, lá do começo do século XX. No ambiente estão celebrando a união civil entre dois homens; amigos, amigas, brasileiros e estrangeiros, familiares, brasileiros e estrangeiros. A música, a ternura estampada no momento de alegria entre os presentes, as crianças em estado de graça com o delicioso bolo de chocolate, socializado em segundos.

O homem mais velho chega à parte externa da casa. Ao redor estão os que eram jovens nos anos oitenta.

O tempo é a nostalgia.

O homem mais velho passa a narrar sobre suas andanças políticas. A nostalgia era o fim da ditadura militar, era o começo de uma nova época, de esperança na fala do homem mais velho. Em sinal de respeito, todos escutam. Em mim, as palavras estavam internalizadas, alimentando o romantismo necessário para cada dia.

O tempo é o passado.

Todos estão em cena, respectivamente vinte e cinco ou trinta anos mais jovens. O cenário é uma festa de aniversário do Padre da comunidade, ali estão todos felizes, mesmo com tempos preocupantes de fim da ditadura militar, a ameaça de morte destinada ao Padre ainda ecoava na memória coletiva, ao mesmo tempo as intimidações dos policiais que saudavam a repressão política. O ambiente de festa, nos segredos das entrelinhas o receio pairava sob todos os corações presentes.

Daqui por adiante o filme passa a narrar fragmentos da história da comunidade, sem nenhuma ligação aparente, como se cada história fosse um conto, cuja ligação está feita por personagens, os lugares e a atmosfera político-espiritual.
***

Continua... (A obra não está concluída, aguarda captação de recurso.)
Fonte: http://amor-armado.blogspot.com/2010/09/historia-de-um-roteiro.html

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Uma leitura recomendável

O Blog Dialética da Cena, escrito pelo Sérgio de Carvalho, é uma leitura recomendável para uma aproximação com o teatro dialético. 

Visite http://www.sergiodecarvalho.com.br/

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Walker Evans

Walker Evans (1903-1975) "foi o pioneiro do chamado estilo documental, o qual, como o seu nome sugere ele aplicou em particular para documentar a cultura cotidiana dos Estados Unidos".(1) Evans não escreveu teatro, pelo menos desconheço. Mas os trabalhos de Evans como fotógrafo influenciam a escrita da dramaturgia.


Walker Evans
Graveyard, Houses, and Steel Mill,
Bethlehem, Pennsylvania
1935
Walker Evans
Hale County, Alabama
1936


    
Walker Evans
[Subway Passenger, New York]
1941



(1) - Retirado do livro Realismo, de Kertin Stremmel, editora Taschen
(2) - As fotos foram retiradas do portal: http://masters-of-photography.com/E/evans/evans9.html

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Uma influência para reflexão

No próximo dia 22 de fevereiro completará 54 anos da estreia da montagem da peça "Eles não usam Black-Tie", de Gianfrancesco Guarnieri. 

A peça é importantíssima na história do teatro brasileiro. A montagem acabou levando a classe operária, os seus problemas e anseios para dentro do teatro brasileiro. 

Ao tratar de história, memória e nossos problemas, o texto de Guarnieri assume o papel de influência para reflexão no nosso processo de produção da dramaturgia para teatro.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Perguntas...

O que leva a escrever uma dramaturgia que circula entre a História e a memória? Seria uma simples busca por uma “história humana” para sensibilizar o leitor de um jornal dominical? Será a busca por uma nostalgia, valorizando o que não é mais, como se fosse possível permanecer preso ao passado? Ou seria a necessidade de fazer teatro sobre temas próximos as nossas vivências históricas?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Entre livros...

O livro Cebs : 25 Anos de Caminhada na Paróquia Cristo Ressuscitado - Joinville SC, de Pe. Luiz Facchini, Irmã Dalila Pedrini, está entre os livros estudados para entender um pouco do processo histórico de formação e das atividades realizadas no Bairro Floresta, especificamente na segunda metade da década de 1970 e começo da década de 1980.
 
A leitura não tem como objetivo transpor o conteúdo da obra para a dramaturgia. Pois objetivamos é entender um pouco mais da visão da Igreja engajada na comunidade, que o Pe Luiz Fachini realizou com tantos outros nessa caminhada pelos direitos humanos.  Cenário temporal e histórico que a dramaturgia estará inserida. 




sábado, 4 de fevereiro de 2012

Para refletir "as coisas nossas"

“Para refletir  “as coisas nossas” os temas podem ser, inclusive, estrangeiros. Entretanto, quando trabalhamos com conteúdos sociais próprios da nossa situação de periferia do capitalismo fica mais evidente uma inadequação de base, um desacordo entre a nossa matéria social e as formas dominantes da representação literária ou teatral. Isto é, as formas que nós herdamos das tradições européias e que constituem as nossas referências estéticas. Formas apresentadas como universais, mas que embutem valores e pontos de vista que nem sempre dialogam bem com as dimensões históricas de nossa matéria social. 

Então, temos um duplo problema. De um lado, descobrir assuntos importantes, ou mais do que isso: aspectos da vida que sirvam a uma compreensão da realidade e da experiência local, em conexão com o tempo mundial. De outro, temos que empreender uma crítica das formas dominantes, quase todas importadas. Crítica necessária não por serem estrangeiras, mas por trazerem sedimentadas em si valores ideológicos que podem assumir sentidos diferentes quando deslocados para o Brasil. Com isso quero dizer que, sempre, em algum nível, as formas consagradas do romance, do drama, da encenação, precisam ser questionadas e reinventadas quanto tratamos da experiência social brasileira”.



Conversa sobre dramaturgia brasileira contemporânea”, de Sérgio Carvalho
http://www.companhiadolatao.com.br/